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sábado, 13 de agosto de 2011

CULTURA DO SOFRIMENTO: ISTO LHE PARECE FAMILIAR?

Com freqüência bastante alta, tenho ouvido as seguintes manifestações:

  • “A vida está dura. Não tenho tempo pra nada”.
  • “Há dois anos eram 4 pessoas para fazer o trabalho.  Hoje só resto eu. A barra está pesada”
  • “Quando estava em férias no mês de janeiro me ligaram 37 vezes. Assim não dá. E se desligar o celular o meu chefe vai dizer que não sou comprometido”.
  • “Aqui tudo é” pra ontem. As pessoas não têm a mínima consideração nem respeito pelos outros”
  • “Puxa... vê se não me exagera. Só eu que trabalho nesta empresa”.
  • “Felizmente amanhã é sábado. Está foi mais uma semana braba”
  • “Que sacrifício!!!. Pra chegar no trabalho demoro no mínimo 2 horas. Em uma semana isso representa mais de 20 horas dentro do carro nesse transito infernal. É demais. Não agüento!!!!”
  • “Só posso sair do escritório depois  das 8 horas da noite. E veja bem,  às 07 da manhã já aqui.Tá muito difícil”
  • “Trabalho mais e ganho a mesma coisa. Isto não é justo. É sacanagem”
Quando  é grande o número de pessoas que manifestam sentimentos semelhantes aos descritos acima,  começa  a ser instalada uma cultura organizacional voltada para o “sofrimento”.

Tenho observado que essas lamentações tornam-se um hábito tão arraigado que algumas pessoas já não têm mais noção nem idéia de como é desagradável e desanimador viver em um clima de trabalho onde reina esse tipo de atitude.  O mais lamentável é que esses comportamentos passam ser tão naturais e espontâneos que as pessoas deixam de  perceber o quanto é perverso e negativo viver transmitindo mensagens desse conteúdo.

Identifico que são três as características mais visíveis existentes nas “culturas do sofrimento”:

1 – Quando o clima de trabalho é de sofrimento e de mau humor, o terreno se torna rico e fértil para  geração de conflitos de difíceis soluções. Nestes ambientes, via de regra, as divergências de opiniões e sentimentos são sempre mal vistas,  já  que o pensamento único é um traço marcante da  “cultura do sofrimento”.

2 – As pessoas perdem o senso da realidade, pois só conseguem enxergar as coisas negativas, deixando de adotar atitudes adultas e admitindo que  tudo na vida tem aspectos positivos e negativos. Saber dar inteligência às nossas emoções e sentimentos é uma competência cada vez mais requerida  em qualquer profissão. Acredito que essa qualidade pode valer muito mais do que o atributo técnico.

3- As pessoas se sentem vítimas de tudo e de todos e são tratadas como crianças ou bebês chorões. A infantilização fica instalada. Com isso, ninguém é responsável por nada, pois ninguém pode fazer nada para modificar a situação existente. Tudo está fora do alcance dos protagonistas desse cenário. As soluções não dependem deles, mas sim dos outros. As pessoas não se sentem em condições de influenciar os outros, as coisas ficam como estão.

A propósito desse assunto, ainda tenho bem vivo na minha memória um comentário feito pela falecido Peter Drucker em um artigo que li há muitos anos. Drucker fazia a seguinte advertência :
Não perceba  o seu salário como uma indenização pelas horas de infelicidade que passa na sua empresa. O salário tem que ser a retribuição efetiva e justa pela contribuição que você traz para a Empresa.”

Acrescentaria  a este  comentário de P. Drucker o seguinte:
“A vida é muito curta e uma só.  Não vale a pena trabalhar naquilo que você não gosta. Procure alternativas caso você esteja contribuindo para a formação da cultura do sofrimento na sua empresa”

Seria importante que todos nos que trabalhamos em organizações, quer na condição de empregados, sócios ou consultores,  fiquemos alertas e atentos para denunciar ambientes onde possam estar se desenvolvendo a cultura do sofrimento.

Vamos contribuir para que as pessoas façam um exame de consciência  sobre a maneira como estão se manifestando sobre o trabalho que realizam e a empresa que os contrata.

É fundamental que se estimule  a que as pessoas assumam a responsabilidade pelos seus destinos e na busca da capacidade que cada um tem de procurar ser feliz.

Para finalizar, confesso que nunca acreditei nas teorias de auto-ajuda. Esses conceitos de auto-ajuda podem levar as pessoas a adotarem comportamentos místicos  não raro  plenos de ilusões e até mesmo de um certo fanatismo.

Tenho a convicção de que quando reclamamos muito da vida e do trabalho, tudo se torna ainda pior do que já está.
Por favor, não contribua para a “cultura do sofrimento” . Tenha coragem de denunciar!!!.
Com isso, você pode estar dando condições para que as pessoas  tenham uma melhor saúde física e psicológica.

Autor: JOÃO ALFREDO BISCAIA

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