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quarta-feira, 2 de março de 2011

JÓIAS DEVOLVIDAS

  Narra antiga lenda  árabe,  que  um rabi, religioso dedicado, vivia muito feliz com sua família. Esposa admirável e dois filhos queridos.
Certa vez, por  imperativos da  religião, o  rabi  empreendeu longa viagem ausentando-se do lar por vários dias.
No período  em que  estava  ausente, um  grave acidente  provocou a morte   dos  dois  filhos  amados.  A  mãezinha  sentiu  o  coração dilacerado de dor. No entanto, por ser uma mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança  em Deus, suportou o choque  com  bravura.
Todavia, uma preocupação lhe  vinha a mente:  como dar ao  esposo a triste noticia? Sabendo-o portador de insuficiência cardíaca, temia que não suportasse tamanha comoção.

Lembrou-se de fazer uma prece. Rogou a Deus auxilio para resolver a difícil questão.
Alguns dias depois, num final de tarde, o rabi retornou ao lar.
Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos...
Ela pediu para que não se preocupasse. Que  tomasse o  seu banho, logo depois ela lhe falaria dos moços.Alguns minutos depois estavam  ambos sentados a mesa.
Ela lhe perguntou sobre  a  viagem, e  logo ele perguntou novamente  pelos filhos.
A esposa, numa atitude um tanto embaraçada,  respondeu  ao  marido:
  - Deixe os  filhos.  Primeiro  quero  que me  ajude a  resolver  um  problema que considero grave.
O marido, já um pouco preocupado perguntou:
  - O que aconteceu?  Notei  você abatida! Fale! Resolveremos juntos  com a ajuda de Deus.
- Enquanto você esteve  ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas jóias de valor incalculável, para que as guardasse.  São jóias  muito preciosas! Jamais vi algo tão belo!
- O problema é esse! Ele vem  busca-las e  eu não  estou disposta a  devolve-las, pois já me afeiçoei a elas. O que você me diz?
 - Ora mulher! Não estou entendendo  o seu comportamento! Você nunca  cultivou vaidades!... Por que isso agora?
- É que nunca havia visto jóias assim! São maravilhosas!
- Podem até ser, mas não lhe pertencem! Terá que devolve-las.
- Mas eu não consigo aceitar a idéia de perde-las!
E o rabi respondeu  com  firmeza:  ninguém perde  o que  não possui.  Rete-las equivaleria a roubo!
  - Vamos devolve-las,  eu a ajudarei. Faremos isso juntos,hoje mesmo.
  - Pois bem, meu  querido, seja  feita a sua vontade. O tesouro será  devolvido.  Na verdade isso já foi  feito.  As jóias preciosas era  nossos filhos.
  - Deus os  confiou  a nossa  guarda,  e  durante a  sua viagem veio  busca-los. Eles se foram.

 O rabi compreendeu a mensagem.
Abraçou a esposa, e juntos derramaram grossas lagrimas. Sem revolta nem desespero.


  Fonte: livro "Quem tem medo da morte?" Cap. Jóias devolvidas

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